Você já se perguntou por que algumas pessoas têm a pele, os cabelos e os olhos extremamente claros? Ou por que algumas delas usam óculos escuros mesmo em dias nublados? Talvez você já tenha cruzado com alguém albino, mas não saiba exatamente o que essa condição significa.
O albinismo vai muito além da aparência ele envolve genética, cuidados especiais, desafios sociais e, principalmente, a necessidade urgente de respeito e informação.

O que é, afinal, o albinismo?
O albinismo é uma condição genética rara, que faz com que a pessoa nasça com uma produção reduzida ou até ausente de melanina, o pigmento responsável por dar cor à pele, aos cabelos e aos olhos. Isso acontece por conta de mutações em determinados genes.
E não se engane: o albinismo não escolhe cor de pele, etnia ou lugar do mundo. Ele pode afetar qualquer pessoa, em qualquer família. Estima-se que, no mundo, uma em cada 17 mil pessoas tenha alguma forma de albinismo.

Quais são os tipos?
Existem diferentes formas de albinismo, classificadas de acordo com o tipo de mutação genética envolvida e as partes do corpo afetadas. O tipo mais comum é o albinismo oculocutâneo (OCA), que afeta a pele, os cabelos e os olhos. Ele pode ser subdividido em alguns subtipos, como OCA1, OCA2, OCA3 e OCA4, que se diferenciam pelo grau de deficiência na produção de melanina e pelas características genéticas específicas. Pessoas com OCA geralmente apresentam pele extremamente clara, cabelos brancos ou loiros claros e olhos claros, além de dificuldades visuais significativas.
Outro tipo é o albinismo ocular (OA), que afeta exclusivamente os olhos. Nesse caso, não há alterações visíveis na pele ou nos cabelos, e a pessoa pode ter coloração semelhante à de familiares não albinos. No entanto, ela apresenta problemas de visão que resultam da ausência de melanina nos olhos, essencial para o desenvolvimento adequado da retina e da via óptica. O albinismo ocular é mais comum em indivíduos do sexo masculino, já que está ligado ao cromossomo X.
Além disso, existem síndromes genéticas mais complexas que incluem o albinismo como um de seus componentes, como a síndrome de Hermansky-Pudlak e a síndrome de Chediak-Higashi. Essas condições, além da hipopigmentação, costumam envolver distúrbios imunológicos, problemas de coagulação e outras complicações sistêmicas.

E como é viver com albinismo?
Para além das diferenças visuais, o albinismo traz desafios práticos. A pele é muito sensível à luz solar, o que exige uso diário de protetor solar com alto fator de proteção, roupas com proteção UV e óculos escuros.
A visão, aliás, é uma das áreas mais afetadas. Muitas pessoas com albinismo têm baixa acuidade visual, dificuldade de foco, fotofobia (sensibilidade à luz) e nistagmo (movimento involuntário dos olhos). Isso não significa que elas não enxerguem nada — mas muitas vezes precisam de recursos visuais, como lupas ou óculos adaptados, para melhorar sua qualidade de vida.
Importante dizer: o albinismo não interfere na inteligência da pessoa. Albinos podem ser professores, atletas, artistas, cientistas, o que quiserem — desde que tenham as condições certas para isso.
Desafios que vão além da genética
Infelizmente, o maior problema enfrentado por quem tem albinismo não está no DNA, mas na forma como a sociedade enxerga essa condição. O preconceito, o estranhamento e o bullying ainda são muito presentes, especialmente na infância. Apelidos cruéis, olhares atravessados e falta de informação afastam essas pessoas da escola, do convívio social e das oportunidades.
Em algumas partes do mundo, especialmente em países da África, o cenário é ainda mais grave. Por conta de crenças supersticiosas absurdas, pessoas albinas sofrem perseguições e até ataques violentos. É assustador — e ao mesmo tempo um lembrete de como o conhecimento pode salvar vidas.

Informação é cuidado. E cuidado é amor
Mais do que qualquer tratamento ou tecnologia, o que realmente transforma a vida de pessoas albinas é a informação. Quando a gente entende a condição, os cuidados necessários e os direitos dessas pessoas, o olhar muda. Surge a empatia.
Escolas mais preparadas, políticas públicas de inclusão, acesso à saúde visual e dermatológica, representatividade na mídia… tudo isso importa. Uma criança albina precisa se ver no mundo como alguém que pertence, que é respeitada e que tem voz.
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