A Doença de Crohn é uma condição inflamatória crônica do trato gastrointestinal, que pode afetar desde a boca até o ânus, embora seja mais comum no final do intestino delgado (íleo) e no início do intestino grosso (cólon). Essa doença faz parte do grupo das Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), ao lado da retocolite ulcerativa.
Apesar de não ter cura, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem garantir qualidade de vida às pessoas que convivem com a doença.
Quais são as causas da Doença de Crohn?
A Doença de Crohn é considerada uma doença multifatorial, ou seja, não há uma causa única, mas sim uma combinação de fatores que contribuem para o seu desenvolvimento.
1. Genética
Pessoas com histórico familiar da doença têm maior risco de desenvolvê-la. Estima-se que cerca de 15% dos pacientes com Crohn tenham algum parente de primeiro grau com a condição. Diversos genes já foram associados ao surgimento da doença, sendo o mais conhecido o NOD2/CARD15, que afeta a resposta imune intestinal.
2. Alterações imunológicas
A doença ocorre quando o sistema imunológico passa a reagir de forma exagerada à presença de bactérias intestinais, gerando uma inflamação persistente. Em vez de proteger o corpo, o sistema imune ataca tecidos saudáveis do intestino, provocando danos.
3. Fatores ambientais
Embora o fator genético seja importante, o ambiente também desempenha um papel significativo. O tabagismo, por exemplo, está associado a formas mais graves da doença. Outros fatores incluem o uso de antibióticos em excesso na infância, alimentação altamente processada, estresse crônico e exposição a poluentes.
Quais são os sintomas da Doença de Crohn?
Os sintomas da Doença de Crohn variam conforme a área afetada do intestino e a gravidade da inflamação, surgindo geralmente em crises. É comum a presença de diarreia crônica (com ou sem sangue), dor abdominal no lado inferior direito, perda de peso, inchaço abdominal e sangramentos nas fezes.
Além disso, podem ocorrer sintomas fora do intestino, como fadiga, febre, anemia, lesões na pele, aftas na boca, dores nas articulações e inflamações nos olhos. Quando não tratada adequadamente, a doença pode causar complicações como estreitamentos no intestino, fístulas e abscessos.

Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da Doença de Crohn exige uma investigação cuidadosa, já que seus sintomas podem se confundir com outras doenças intestinais. O processo geralmente envolve a análise dos sintomas, exames físicos, laboratoriais e de imagem. Exames de sangue ajudam a identificar inflamações, anemia e deficiências nutricionais. A análise de fezes é importante para descartar infecções e detectar sangramentos ocultos.
Exames como endoscopia digestiva e colonoscopia permitem observar diretamente o interior do trato gastrointestinal, coletar amostras e identificar áreas inflamadas. Já a enterotomografia e a ressonância magnética auxiliam na avaliação do intestino delgado e na identificação de possíveis complicações, como fístulas ou abscessos. O diagnóstico precoce é essencial para evitar o agravamento da doença e garantir um tratamento mais eficaz.
Qual é o tratamento para Doença de Crohn?
A Doença de Crohn não tem cura, mas o tratamento é essencial para controlar os sintomas, reduzir a inflamação e preservar a qualidade de vida. O plano terapêutico é individualizado e pode incluir medicamentos como anti-inflamatórios intestinais, corticosteroides, imunossupressores, antibióticos e terapias biológicas. O acompanhamento nutricional também é importante, já que muitos pacientes apresentam deficiências alimentares e podem precisar de suplementação. Em casos mais graves ou com complicações, como fístulas ou obstruções, a cirurgia pode ser necessária para aliviar os sintomas, embora não elimine a doença.

Como conviver com a Doença de Crohn?
Viver com uma condição crônica exige atenção constante, mas é possível adaptar a rotina para minimizar os impactos da Doença de Crohn. Algumas dicas incluem:
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Adotar uma alimentação equilibrada e individualizada, evitando alimentos que agravam os sintomas;
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Evitar o tabagismo;
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Praticar atividades físicas regulares, respeitando os limites do corpo;
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Gerenciar o estresse, que pode contribuir para o surgimento de crises;
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Fazer consultas regulares com o especialista para ajustes no tratamento.
O apoio emocional e psicológico também é essencial. Grupos de apoio, terapia e o diálogo aberto com familiares e amigos fazem a diferença no enfrentamento da doença.
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